A conclusão brilhante
Estou hoje particularmente orgulhoso com a investigação social que se faz em Portugal. Nem tudo pode ser mau e até os mais empedernidos cépticos se têm de curvar perante as evidências quando algo funciona de forma tão exemplar. Refiro-me aos mais recentes resultados da árdua investigação da rapaziada das ciências sociais portuguesas. Não sei quem eles são e não quero levantar falsos testemunhos mas cheira-me que andará Eduardo Prado Coelho metido ao barulho.
A APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) divulga hoje um brilhante estudo na área da ciência social. Referem os iluminados cientistas que há muita violência (física, verbal) a grassar nas tidas como pacatas relações conjugais, amorosas e, pasme-se, sexuais dos portugueses! Até aí nada de novo. Já quando se olha para os números das relações marcadas por abusos físicos, violações etc...se bem que não surpreendentes estes revelam-se marcantes pela expressividade. Mas ainda assim até aqui ainda a ciência vai bem.
Genial é mesmo a conclusão brilhante do autor do estudo. O iluminado cientista social conclui, seguro, que a culpa do problema reside na a falta de informação. Vamos repetir para ver se todos entendemos: NA FALTA DE INFORMAÇÃO.
Por momentos, vidrado pelo brilhantismo assaz evidente desta conclusão (que, numa palavra, invalida qualquer trabalho de tão estúpida que é) perco as palavras para a descrever. São tantas as dúvidas que me assaltam! Será a "falta de informação" algo de obscuro mas que esteja de alguma forma relacionado com a qualidade manifestamente pobre da informação que invade a casa de todos os portugueses?? Será isto espelho da ausência de um verdadeiro "serviço público"?? Será à ignorância que o brilhante sociólogo imputa as culpas da violência!? Imagino que sim e vejo já os resultados duma campanha informativa a funcionarem: Imaginem um marido alcoólico e semi-analfabeto, varado pela descoberta de que a mulher lhe havia gasto o dinheiro do vinho, em vinho, mas para ela, a hesitar, de braço bradindo um pé de cabra sobre o corpo da esposa, ao lembrar-se: "Ei lá! Espera! Li aqui a atrasado numa brochura da APAV que bater à mulher com objectos metálicos é considerado violência doméstica! Foda-se pra estes cabrões sempre a mudar a puta dos arquétipos que temos! Desta vez escapas! Obrigado APAV!"
A grande questão aqui, para mim, é de como é possível haver coisas a funcionar tão mal como a Ciência Social em Portugal. Não há um estudo sociológico com o qual alguém que não sofra de paralisia cerebral possa concordar minimamente. Hà pouco tempo atrás foi o brilhante "40% dos homens portugueses pagam para ter sexo" (consta que também o fazem por falta de informação). Mais incrível é o ar completamente alheio à realidade com que os resultados são divulgados. Quem é esta gente!?! Onde vivem!? Onde vão buscar estas ideias? Falta de "informação"...Foda-se, é brilhante!
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