quarta-feira, julho 16, 2003

A ressabiada

A ressabiada
Não deve ter escapado a muitos leitores do Expresso a entrevista, com direito a capa da Única e caixa na capa do Primeiro Caderno, a Filomena Pinto da Costa. Não me espanta a Filomena, a clássica ressabiada, que trái o arzinho de santa injustiçada quando o pé lhe foge para a chinela e se desmancha num chorrilho de revelações acerca da sua intimidade póstuma com o grande Pinto da Costa, que revelam a todos a nobre senhora que ela é.
Não me espanta o Pinto da Costa, a gaja, apesar de ser um biltre, até não é má e tem ar de, quando era mais nova, ter sabido fazer uns truques com a cintura, ser mais amestrada etc...O "upgrade" que ele fez (qualquer homem sensato deve, no que diz respeito às mulheres, tal como no hardware que usa, não procurar o último modelo mas sim ir fazendo "upgrades" regulares para versões mais novas que existam no mercado) também é natural e saudável.
O que me espanta é o Expresso. Eu sempre achei que o Expresso era o chamado "jornal de referência", aquele jornal que aos Sábados convinha levar para a confeitaria às quatro da tarde quando se vai tomar o pequeno almoço; sério, pesado, difícil de folhear. Mas não. O Expresso afinal almeja, tornar-se um "jornal do coração". Nunca como neste fim de semana vi tantas mulheres a lerem o Expresso, a sacarem-no, caderno de economia e tudo, aos maridos e a devorarem-no com avidez. "Não conhecia esta revista" ouvi dizer várias vezes, "saiu esta semana amor, compraste para mim??"...nem nunca vi tantos homens libertar-se da leitura fastidiosa e ficarem felizes por não terem de aturar o Nicolau Santos ou o Código de Conduta Editorial que também, pelos vistos, publicaram (certamente no gozo).
Eu achei por bem comprar duas Playboys, a Brasileira e a Espanhola e tornar o meu fim de semana mais rico.

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