Jorge, o ambientalista.
Jorge, o ambientalista, ou Sampaio para os amigos, brindou a nação inane com mais um dos seus beatíficos achados. Chegou o eficaz senhor a mais uma conclusão surpreendente: Em Portugal, não obstante a manifesta disparidade em termos de vocação climática para a coisa, usam-se muito menos painéis solares do que na Alemanha!
Espanto e consternação abatem-se já sobre todos os basbaques. "Como é possível?!" Perguntam-se indignados os cidadãos colhidos pela violência brutal da descoberta, mais uma descoberta, de Jorge, desta feita na sua qualidade de Jorge, o ambientalista. Mais: "...dando o exemplo, o Presidente instalou na sua residência oficial um sofisticado sistema de aquecimento por painéis solares...". Babado, o responsável pela instalação atesta perante as câmaras que até no telhado do gabinete presidencial existe um inovador sistema fotoeléctrico destinado exclusivamente à geração de fresquinha energia para aquecer e alimentar o douto lavoro presidencial.
Ocorre-me que os sistemas de transformação de energia solar não serão porventura a forma mais barata de obter energia e que o orçamento dos portugueses não será dos mais comparáveis ao dos alemães, mas imagino que possa estar enganado e que isso é capaz de ser uma suposição absurda e demagógica que me surgiu por puro capricho. Além disso não foi certamente com dinheiro público que o Jorge mandou instalar os painéis na residência oficial. Talvez seja só por não gostar particularmente do Jorge e do tom beato com que faz sugestões, como se aquilo sobre o que se debruça preocupado (seja a legislação sobre o segredo de justiça, seja o ambiente) nunca tivesse tido nada a ver com ele, que os seus conselhos me soem, eles sim, a demagogia mal intencionada.
Jorge, o ambientalista, o supra-sumo da ética na prática da advocacia e da magistratura, não tem, de facto nada a ver com isto. Ele nem sequer é Português, nem sequer foi advogado, nunca se sentou no Parlamento e nunca pode legislar. Nunca fez parte da festa. Chegou vindo da Inglaterra e pasma agora, aterrorizado, com as falhas civilizacionais do lugar onde veio parar.
Um dia irás Jorge, de volta para essa Inglaterra de onde terás vindo e não teremos que ouvir as tuas espantadas preocupações. Só espero que tenhas a decência de deixar os painéis solares.
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