domingo, fevereiro 22, 2004

Romeiro, quem és tu?

Romeiro, quem és tu?

Das escuras brumas que envolvem a nação lusa, ergue-se um estranho vulto!...Vestindo pouco mais do que um misterioso hábito de monge, através do nacional ermo a estranha figura deambula...como que perdida por entre os escombros da nação decadente, a sua voz sibilina ecoa.

Entra no talho.

"...se calhar mais tarde arrependem-se de ter abortado..." (diz, apalpando o terreno). O homem olha-o surpreendido: agora também ele te dúvidas.

Adiante, no refeitório (pasme-se), mais surpresa, pois o que diz é evidente embora "nunca tenha ocorrido a ninguém".

Quem és tu, Romeiro? Tu que nos permites um vislumbre de luz e que partes enigmático do talho e do refeitório. Quem és tu, Romeiro, que magnânime educas por entre a torpe gente, que apontas o caminho, que nos corriges a rota, a nós "que pensamos aquilo que pensam as pessoas que não pensam"...

És José António Saraiva, estás sériamente doente, e, o que é mais grave, tens quem te deixe escrever o que escreveste esta semana aqui.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Onda de Choque

Onda de Choque

Uma onda de choque e espanto varreu todo o país quando se descobriu que Ricky, o pequeno cantor dos extintos "Onda Choque" se transformou em Patrícia uma transexual amiga da avó.
Para quem passou o fim dos anos oitenta pouco preocupado com a extinção dos "Smiths" e atento à guerra épica entre "Ministars" e "Onda Choque" pelas preferências do público juvenil, não dou novidade nenhuma ao dizer que os "Onda Choque" simbolizavam a libertação sexual do cavaquismo (era lá que cantavam as gajas boas e os pequenos cantores masculinos eram tidos como verdadeiros ícones da atitude optimista e yuppie do "novo homem" português criado por Cavaco Silva). Por outro lado os "Ministars" (oriundos dos extintos "Queijinhos Frescos") tentavam sem sucesso libertar-se do cordão umbilical que inelutavelmente os prendia à Ana Faria e a momentos negros da cultura nacional como o "Brincando aos Clássicos I" e o "Brincando aos Clássicos II" que muitos de nós tivemos de gramar. Além disso, os "Ministars" ainda vestiam Cenoura numa altura em que o que menos queriamos era regredir para os tempos do Bloco Central e do aperto de cinto Soarista.
É por essas e por outras que duvido que a notíca da recente transformação de Ricky em Patrícia seja inocente, para mais numa altura em que os contendores de Cavaco se precipitam para a linha de partida das próximas presidenciais.
A Patrícia (ou "o" Patrícia) é uma potente bordoada no inconsciente cavaquista que perdura em todos nós. Transidos pela descoberta da queda de mais este mito, muitos de nós porão em dúvida que o cavaquismo tenha alguma vez existido!
Eles que venham explicar o que aconteceu aos "Ministars" que a gente também não se importa de saber...Ò vens!

Jorge, o ambientalista.

Jorge, o ambientalista.

Jorge, o ambientalista, ou Sampaio para os amigos, brindou a nação inane com mais um dos seus beatíficos achados. Chegou o eficaz senhor a mais uma conclusão surpreendente: Em Portugal, não obstante a manifesta disparidade em termos de vocação climática para a coisa, usam-se muito menos painéis solares do que na Alemanha!
Espanto e consternação abatem-se já sobre todos os basbaques. "Como é possível?!" Perguntam-se indignados os cidadãos colhidos pela violência brutal da descoberta, mais uma descoberta, de Jorge, desta feita na sua qualidade de Jorge, o ambientalista. Mais: "...dando o exemplo, o Presidente instalou na sua residência oficial um sofisticado sistema de aquecimento por painéis solares...". Babado, o responsável pela instalação atesta perante as câmaras que até no telhado do gabinete presidencial existe um inovador sistema fotoeléctrico destinado exclusivamente à geração de fresquinha energia para aquecer e alimentar o douto lavoro presidencial.
Ocorre-me que os sistemas de transformação de energia solar não serão porventura a forma mais barata de obter energia e que o orçamento dos portugueses não será dos mais comparáveis ao dos alemães, mas imagino que possa estar enganado e que isso é capaz de ser uma suposição absurda e demagógica que me surgiu por puro capricho. Além disso não foi certamente com dinheiro público que o Jorge mandou instalar os painéis na residência oficial. Talvez seja só por não gostar particularmente do Jorge e do tom beato com que faz sugestões, como se aquilo sobre o que se debruça preocupado (seja a legislação sobre o segredo de justiça, seja o ambiente) nunca tivesse tido nada a ver com ele, que os seus conselhos me soem, eles sim, a demagogia mal intencionada.
Jorge, o ambientalista, o supra-sumo da ética na prática da advocacia e da magistratura, não tem, de facto nada a ver com isto. Ele nem sequer é Português, nem sequer foi advogado, nunca se sentou no Parlamento e nunca pode legislar. Nunca fez parte da festa. Chegou vindo da Inglaterra e pasma agora, aterrorizado, com as falhas civilizacionais do lugar onde veio parar.
Um dia irás Jorge, de volta para essa Inglaterra de onde terás vindo e não teremos que ouvir as tuas espantadas preocupações. Só espero que tenhas a decência de deixar os painéis solares.