terça-feira, setembro 23, 2003

A esquerda e o ambiente

A esquerda e o ambiente
Toda a gente sabe que a esquerda é sinónima de "mau ambiente". Basta uma visita à festa do "Avante!" ou a um inocente plenário dos operários vidreiros da Marinha Grande para saberem do que falo. Não hà quem aguente o ambiente e só os próprios camaradas parecem tolerar com naturalidade a despreocupação generalizada dos seus congéneres para com as mais elementares regras de preservação ambiental (o simples banho, o uso de agentes lavantes neutros, a higiene bucal e capilar, etc...).
No entanto, no que julgo ser uma refinada ironia, a esquerda apresenta-se recalcitrantemente com detentora de "sérias preocupações ambientais". Pergunto-me: O que é mais ecológico? Um conjunto de jovens aristocratas suecos num veleiro decente ou um grupo de gedelhudos mal-cheirosos a bradar a bordo do Greenpeace? Diz quem sabe, que num raio de 3Km em redor do Greenpeace se torna inviável qualquer forma de vida, tal é o poder revolucinário dos odores que emana.
Se em vez de se preocuparem com a teatral repetição dos habituais clichés pró-ambientalistas perfeitamente absurdos que evocam, os neo-ecologistas se dedicassem ao asseio corporal, o aquecimento global deixaria de ser um problema tão grave. Se em vez de fingirem perder o sono por meia dúzia de toiros que "sofrem" na "barbárie medieval" das touradas os gadelhudos analfabetos do costume descobrissem que lavar os dentes, afinal, não é uma prática imposta pelo grande capital, talvez isso lhes permitisse descobrir também que há crimes ambientais grosseiros de maior monta, praticados diariamente, menos fáceis de interpretar precisamente por ser necessária alguma capacidade científica não-enviesada para os poder compreender. Mas a proto-ideologia saloia e a guedelha marxista toldam-lhes a visão. Talvez seja por isso que nos países nos quais a esquerda aprendeu a distinguir o essencial do acessório não se vejam, desde os anos setenta, pseudo-hippies-pró-ambiente-anti-higiene-pessoal, mas sim cidadãos perfeitamente normais, a separar o lixo, a fazer vela e a exigir dos seus empresários uma ética ambiental que ultrapassam largamente o bramir inconsequente e confuso, o ar descamisado e a ignorância total a que infelizmente nos vamos habituando.

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