terça-feira, setembro 16, 2003

O Drama da Hora

O drama da hora
Hoje, ao acordar, estremeci. Portugal reverberava, às oito da manhã, no esplendor do drama da hora. Feliz, deixei de lado as terapêuticas doses de estupefaccientes pesados com que costumo começar o dia e avancei para uns saudáveis cereais. Afinal, toda a gravidade da actualidade nacional e internacional involuia num sentido inesperado. Pareceu-me bem.
O país arde quando e como bem lhe apetece. O Pib aparenta uma tendência depressiva própria e inquebrantável. As forças judiciais, garantes do Estado de Direito, começam a mostrar a sua face sórdida no caso Casa Pia. A Europa teima em não crescer tanto como os EUA e o Japão. O Médio Oriente é cada vez mais uma espiral galopante de efeitos imprevisíveis. O que resta de África sucumbe em guerras civis completamente incontroláveis. Na Austrália salta o cangurú e namorisca o pequeno koala. Hoje à noite joga um clube português na Liga dos Campeões. E, ainda assim, a pequena aldeia gaulesa que é a comunicação social em Portugal, decide, iluminada, resistir, e fazer com que, hoje, o principal tema de debate e de notícia, seja a intenção do governo em mudar a hora que temos para a CET.
Não há nada, mas mesmo nada. Nada. Ou, talvez, muito pouco, que possa servir para que, no meio disto, um gajo não se sinta maluco.

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