segunda-feira, setembro 15, 2003

Ponto de Viragem

Ponto de Viragem
Há momentos que são grandes pontos de viragem. Uns para dias melhores, outros para verdadeiras eras de escuridão. Aquilo a que muitos terão assistido ontem à noite na SIC foi o veradeiro prenúncio da era mais tenebrosa que posso imaginar, daquela a que vários obscuros livros de história anunciavam como a pior das fatalidades (o Alberto João Jardim chamar-lhe-à a IV República)...falo da República Gay, que malogradamente parece ter escolhido Portugal para se fazer anunciar ao mundo. Preferia ver isto invadido por espanhóis, transformado numa colónia de férias para estivadores ingleses, subjugado pelo eixo do mal, governado pelo Eduardo Prado Coelho a ter visto o que vi ontem. A SIC arvorou-se em paladina da nova era e inaugurou oficialmente o primeiro canal com inspiração marcantemente gay do mundo ocidental. Ao ligar a televisão e ver o Herman José a ostentar um assustador par de brincos, alguns anéis e uma pulseira, na companhia de um personagem indescritível (que num país civilizado estaria a pedir nos semáforos ou a sofrer severas torturas) e de uma criatura que me pareceu estar desconfortavelmente coberta em "encerite soalhos" temi pela minha sanidade mental. Depois percebi. Estava perante um ponto de viragem. Estarrecido liguei o vídeo e gravei o momento para poder ter provas quando tentar denunciar o que se passa à ONU. Imagino que para a paneleiragem portuguesa tenha sido um momento tão marcante como a primeira emissão a cores. A televisão em movimento dos anos noventa acabava de dar lugar ao canal bichona. Senti um arrepio na espinha e comecei a fazer planos para emigrar para a Galiza e dedicar-me a sabotar esta sociedade nojenta que se instala despudoradamente em Portugal. Lá que as paneleiras se dediquem a passear pelo Parque Eduardo VII a engatar putos sidosos, que se escondam nos quartos a masturbarem-se coberetos em creme nutella, que gostem de touradas à antiga portuguesa de se juntar em felizes casais e adoptar crianças para lhes satisfazer as sevícias, que frequentem festas em iates, que se julguem na Venezuela e que se queiram sentir a Carmen Miranda é lá com eles, infelizmente acabaram os autos-de-fé e as chibatadas em público, mas que se-lhes-dê tempo de antena já é demais. Foda-se. É doentio demais.

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